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Surto em SC: por que o norovírus é considerado o "pesadelo dos cruzeiros"?

Norovírus é conhecido por ser a causa mais comum de gastroenterite aguda em todo o mundo - iStock
Norovírus é conhecido por ser a causa mais comum de gastroenterite aguda em todo o mundo Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

31/01/2023 17h40

Grupos de pessoas de convívio muito próximo, passageiros recém-chegados que podem trazer o vírus para o restante da tripulação e uma fonte comum de alimentação. Os cruzeiros podem ser um ambiente propício para a disseminação dos chamados vírus entéricos, que afetam o estômago ou intestino.

O norovírus é um deles. Popularmente conhecido como o "pesadelo dos cruzeiros", o vírus está por trás do recente surto de diarreia na costa de Santa Catarina.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o norovírus foi detectado em 63% das amostras de fezes coletadas pelo órgão desde dezembro de 2022 na região.

O que é norovírus? O grupo de vírus é conhecido por ser a causa mais comum de gastroenterite aguda em todo o mundo, provocando anualmente cerca de 685 milhões de infecções, segundo a OMS. Seus principais sintomas são diarreia, vômito, náusea e dor de estômago.

A transmissão se dá pessoa a pessoa e de forma "fecal-oral". Ou seja, pela ingestão de água e ou alimentos contaminados pelo vírus.

O norovírus pode ser transmitido ao entrar em contato com as partículas de aerossol do vírus no banheiro, por contato direto com fraldas contaminadas, ou ao ingerir alimentos, água, ou cubos de gelo contaminados. A infecção também ocorre por exposição indireta, num mergulho em área contaminada, por exemplo. Gislaine Fongaro, virologista do Laboratório de Virologia Aplicada da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina)

É um "vírus de cruzeiros"?

Diversos surtos de norovírus já foram registrados em cruzeiros mundo afora.

"Os norovírus são bem famosos em cruzeiros em função de o ambiente ser mais confinado. A passagem de pessoa a pessoa da partícula viral e o fato de as pessoas comerem os mesmos alimentos podem facilitar a transmissão", diz Fongaro.

Este, contudo, não é o caso do surto atual em Santa Catarina, explica a pesquisadora.

"Não podemos atrelar o surto aos navios cruzeiros, porque não foi feito nenhum estudo em área de parada de navios, por exemplo. O que o nosso laboratório identificou foi o vírus no ambiente aquático e também em material fecal de pacientes", diz a virologista.

Para ela, também é importante avaliar embarcações marítimas a fim de analisar se o vírus circulou nesses locais.

Fongaro ressalta, no entanto, que os surtos de norovírus não se limitam a embarcações marítimas.

  • O vírus também pode se disseminar rapidamente em outros ambientes confinados, como creches e asilos.
  • "Os norovírus ficaram famosos por terem sido identificados também em navios cruzeiros, mas essa não é a rota principal deles. Os surtos costumam ocorrer em locais de baixo saneamento ou em casos de pessoas contaminadas passando para não contaminados de forma direta ou indireta", diz Fongaro.

O que causou surto em SC?

De acordo com a virologista, que faz parte de uma equipe da UFSC que está investigando as causas por trás do surto mais recente em SC, ao menos cinco fatores parecem ter favorecido a circulação e permitido a maior propagação do norovírus na região:

  • Áreas com baixo ou saneamento reduzido;
  • Valas de esgotamento sanitário ilegais;
  • Aumento da população durante o verão;
  • Aumento das temperaturas;
  • Entrada clandestina de esgotos.

Medidas de prevenção

Veja recomendações da prefeitura de Florianópolis para diminuir o risco de ser infectado pelo norovírus:

  • Lavar as mãos com água e sabão ou solução antisséptica;
  • Beber água tratada acondicionada em embalagens lacradas ou de fonte segura;
  • Evitar adicionar gelo de procedência desconhecida às bebidas;
  • Avaliar se os alimentos foram bem cozidos, fritos ou assados;
  • Evitar frutas e verduras descascadas ou com a casca danificada;
  • Evitar o consumo de alimentos vendidos por ambulantes não credenciados;
  • Alimentos embalados devem conter no rótulo a identificação do produtor e data de validade, e a embalagem deve estar íntegra;
  • Não se banhar ou frequentar a areia em praias consideradas impróprias para o banho;
  • Não se banhar ou frequentar a areia em regiões próximas a saídas de rios ou córregos;
  • Não consumir água do mar, com redobrada atenção com as crianças e idosos, que são mais sensíveis e menos imunes do que os adultos;
  • Usar equipamentos de proteção individual (EPI) ao manipular resíduos sólidos e higienizar banheiros públicos;
  • Seguir as boas práticas de manipulação de alimentos.
A prevenção de surtos entéricos, incluindo norovírus, está associada justamente a boas condições sanitárias, tanto de tratamento de água, esgoto, como também na manipulação de alimentos e de rastreio de áreas contaminadas, além de orientação à população de não exposição a áreas inapropriadas para banho. Gislaine Fongaro, virologista

O que fazer se tiver pegado norovírus

  • Beba muito líquido;
  • Lave as mãos com frequência;
  • Evite contato próximo com outras pessoas;
  • O quadro costuma melhorar dentro de 1 a 3 dias. Se isso não acontecer, procure atendimento médico.